Pelo menos 60 tipos foram registradas, a maioria plantas epífitas, que crescem em cima de caules e/ou outras árvores.
Mesmo de portas fechadas ao público por causa da pandemia da Covid-19, o trabalho de pesquisa e monitoramento da vegetação do Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna continuou dentro da Unidade de Conservação Estadual. Pelo menos 60 espécies da flora foram registradas desde que a visitação pública foi suspensa até o momento. Em sua maioria, são plantas epífitas, que crescem em cima de caules e/ou outras árvores.
O levantamento da flora é resultado de projetos de pesquisa realizados em parceria entre o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio) e o Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), sob a responsabilidade do coordenador de Botânica do Goeldi, Dr. Leandro Valle Ferreira. A partir desse trabalho, o Parque possui hoje um banco de dados com cerca de 500 espécies de plantas identificadas em diferentes tipos de vegetações. Muitas delas ainda não haviam sido registradas para o Estado do Pará, conforme explicou Leandro Ferreira.
Segundo o biólogo e pesquisador Leandro Ferreira, a equipe de pesquisadores faz um trabalho constante de análise de todo o Parque, para que haja um acompanhamento da vida da floresta, observando como as árvores e espécies se comportam durante o tempo. Os biólogos isolam um hectare e analisam árvores, folhagens e todas as espécies de plantas encontradas.
“Só de uma espécie da família das araceaes, colocamos mais cinco novos registros para o Pará. Encontramos também árvores que ainda não estavam registradas no Estado, como uma do gênero sapotaceae, da família do abiu, conhecida como abiu arrepiado, pois solta cascas bem fácil”, comentou o Dr. Leandro Ferreira.
Parcelas Permanentes – Para fazer esse monitoramento da dinâmica florestal do Parque do Utinga a longo prazo, a equipe de pesquisadores fez a implantação de três parcelas permanentes na floresta de terra-firme da UC. São áreas demarcadas em formações florestais, utilizadas com a finalidade de se obter dados sobre o comportamento das vegetações encontradas nestes espaços. De acordo com o pesquisador, o Parque do Utinga abriga uma rica biodiversidade de flora e reserva em sua área de aproximadamente 1.400 hectares, o que equivale a uma área com 1.400 campos de futebol.
As parcelas permanentes possuem a forma de um quadrado de 100 x 100 metros, divididas em 25 quadras de 20 x 20 metros. Dentro de cada quadra todas as formas de vida (arbórea, palmeiras e lianas) com diâmetros acima de 10 cm foram marcadas com fitas de alumínio numeradas e identificadas ao nível mais específico possível. Além disso, foram colocadas 13 armadilhas de liteira para a coleta de material vegetal que cai do dossel da floresta.
Pesquisa – Todas as folhagens, galhos e plantas são enviadas para o laboratório para análise. Nos últimos dois anos, já foram catalogadas cerca de 500 espécies de plantas no Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna, uma das 26 Unidades de Conservação Estaduais geridas pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio).
A partir do trabalho realizado através de pesquisas, como a liderada pelo Leandro Ferreira e a novidade de novas espécies da flora, é que a Unidade de Conservação analisa e prepara a gestão ambiental para manter a floresta equilibrada.
“O trabalho dos pesquisadores em geral que atuam na unidade é fundamental para que possamos fazer a gestão desses recursos naturais. É a partir de todos os estudos que sabemos o que tem aqui, a manutenção do próprio ecossistema, possibilitando a preservação da fauna e flora na unidade de conservação”, ressaltou Socorro Almeida, diretora de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação (DGMUC), do Ideflor-bio.
Parque do Utinga – O Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna é uma Unidade de Conservação Estadual gerida pelo Ideflor-bio, classificada na categoria de Proteção Integral. Abrigando dois grandes lagos, o Bolonha e o Água Preta – responsáveis pelo abastecimento hídrico de 70% da população residente na Região Metropolitana de Belém -, foi criado com o objetivo de preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, estimular a realização de pesquisas científicas e, além disso, incentivar o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, incluindo o turismo ecológico.
Além das belas paisagens, o espaço oferece qualidade de vida, onde o visitante e o turista têm a oportunidade de estar em contato com a natureza e de praticar atividades físicas ao ar livre, como caminhar e pedalar de bicicleta. Da área de aproximadamente 1.400 hectares, 98% fica em Belém e 2% em Ananindeua.
Texto: Larissa Noguchi (Secom) e Pryscila Soares (Ascom/Ideflor-bio)
Fotos: Alex Ribeiro (Agência Pará) e arquivo/pesquisadores.